Candidato de centro-esquerda é eleito presidente da Coreia do Sul e promete diálogo com o Norte
03/06/2025
(Foto: Reprodução) Lee Jae-myung teve quase 50% dos votos, segundo as autoridades locais. Votação ocorre após crise política causada por convocação de lei marcial, que resultou em impeachment. Homem em Seul exibe um cartaz com o rosto do candidato de centro-esquerda Lee Jae-myung, em 3 de junho de 2025.
Kim Hong-Ji/ Reuters
O candidato de centro-esquerda Lee Jae-myung foi eleito presidente da Coreia do Sul, segundo dados divulgados pelas autoridades do país nesta terça-feira (3). Ele era apontado como favorito na disputa e derrotou o conservador Kim Mon-soo por uma vantagem de oito pontos percentuais.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Antes mesmo da divulgação dos resultados oficiais, pesquisas boca de urna indicavam que Lee seria eleito. O adversário, inclusive, já reconheceu a derrota.
Durante seu primeiro discurso como presidente eleito, Lee prometeu unir o país e disse que dialogará com a Coreia do Norte para trazer paz à região. Ele indicou ainda ter como prioridade restaurar a economia do país.
O pleito ocorreu em turno único, seis meses depois de o país ter mergulhado em um caos político provocado por um decreto de lei marcial do então presidente Yoon Suk Yeol. A medida restringiu os direitos civis da população e fechou o Parlamento. O decreto foi derrubado horas depois de entrar em vigor, diante da resistência dos parlamentares e de protestos em massa.
Yoon alegava interferência da Coreia do Norte na política do país como justificativa para aplicar a lei marcial, mas não forneceu provas. Em abril, ele foi oficialmente destituído do cargo, após a Justiça confirmar seu processo de impeachment, dando um prazo de 60 dias para novas eleições.
Após a vitória nesta terça-feira, Lee Jae-myung assumirá o cargo de maneira quase imediata e terá de enfrentar uma série de desafios, incluindo a crise provocada pelas tarifas aplicadas pelos EUA no comércio internacional, que prejudicaram a economia exportadora da Coreia do Sul.
Lee também enfrentará uma das menores taxas de natalidade do mundo e a crescente beligerância da Coreia do Norte, com seu arsenal militar em constante expansão.
A maior preocupação dos eleitores, no entanto, é o impacto da fracassada lei marcial de Yoon, que deixou a Coreia do Sul sem liderança durante os primeiros meses do ano, segundo analistas.
A quarta maior economia asiática atravessa um período de instabilidade política desde o início de dezembro, quando o conservador Yoon declarou lei marcial por algumas horas e enviou o Exército à Assembleia Nacional, dominada pela oposição.
As Coreias estão em uma guerra de informações — e Kim Jong-un pode estar vencendo
'Um novo país'
Coreia do Sul confirma impeachment de presidente afastado
Desde o episódio de dezembro, o país teve alguns presidentes interinos, Yoon foi afastado do cargo, acusado de insurreição, detido após semanas de resistência e finalmente destituído pelo Tribunal Constitucional.
O eleitor Park Dong-shin, de 79 anos, disse à AFP que votaria "para fazer um novo país".
Ele considerou que a lei marcial "foi o tipo de coisa que se fazia nos velhos tempos da ditadura em nosso país". Park explicou que votaria no candidato que garanta que os responsáveis por esta declaração "sejam tratados como se deve".
As pesquisas apontam o favoritismo do líder da oposição, Lee Jae-myung. O ex-advogado de 61 anos e dirigente do Partido Democrata (centro-esquerda) tinha 49% das intenções de votos, segundo uma pesquisa recente do instituto Gallup.
Em segundo lugar, com 35% das intenções de voto, estava o ex-ministro do Trabalho Kim Mon-soo, do Partido do Poder Popular, o mesmo de Yoona.
O país de 52 milhões de habitantes, que passou a um regime democrático em 1987, é cenário de uma polarização após a crise política provocada pela lei marcial.
Analistas projetaram uma taxa elevada de participação. A Comissão Nacional de Eleições do país informou que, até meio-dia, 62,1% do eleitorado havia votado.
"As pesquisas indicam que a eleição é considerada um referendo sobre o governo anterior", comentou à AFP Kang Joo-hyun, professor de Ciências Políticas da Universidade de Sookmyung.